by Luís Maia
Senhoras e senhores, apresento-vos a minha mãe! Já devem estar carecas de ver a minha mulher e os meus filhos, mas nunca vos tinha mostrado a senhora que me trouxe ao mundo. Pois, chegou o momento! Depois de ter surripiado os óculos escuros do filho, a dona Ângela decidiu posar para a foto com os seus descendentes. E acho que não ficámos nada mal. Três gerações, com muita pinta!
A minha mãe vive em Espanha desde que tenho 10 anos, mas conseguiu a proeza de nunca ter ficado distante. Naquela altura a vida não estava nada fácil e ela não teve outra opção senão imigrar. Julgávamos que não seria por muito tempo, mas acabou por ser até hoje. Fiquei com os meus padrinhos, as pessoas mais confiáveis que já viveram neste planeta e cheguei a estar perto de me mudar para o lado de lá da fronteira. No entanto, mas acabei por ficar.
Durante toda a minha infância e adolescência, eu e a minha mãe falámos todos os dias (todos mesmo!) ao telefone. E ainda hoje julgo que temos uma relação talvez mais próxima do que muitos pais e filhos que passaram as vidas inteiras juntos.
Tenho a minha mãe como uma mulher muito corajosa, que conseguiu tomar decisões extremamente difíceis, para conseguir dar-me a possibilidade de ter um futuro minimamente auspicioso. E estou-lhe muito grato por tudo o que fez. Sobretudo, por nunca ter deixado de ser uma mãe como acho que as mães devem ser.
Hoje, já não a vejo só como mãe. Transformou-se numa avó-galinha, daquelas que qualquer netinho deseja. Daquelas que seria capaz de cortar o dedo mindinho, se essa fosse a única forma de ser autorizada a levar o puto de férias.
Pois, chegaram as férias! O bandido já foi com a avó. A matulona está com outra avó. Os papás vão aproveitar para namorar!